A duas semanas do segundo turno, as campanhas de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de Jair Bolsonaro (PL) intensificaram a ofensiva para motivar seus eleitores a saírem de casa para votar no próximo dia 30. De um lado, petistas tentam garantir que prefeituras forneçam transporte público gratuito no dia da eleição para evitar um aumento na abstenção nas faixas mais pobres da população. Do outro, a equipe do presidente mobiliza aliados em regiões onde leva vantagem, mas a disputa local foi resolvida no primeiro turno. O temor é que, sem a motivação do voto para governador, parte das pessoas deixe de votar.
Integrantes da campanha de Lula estiveram ontem com o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), para tratar de uma ação que requer ao poder público o acesso gratuito aos transportes públicos no dia da eleição. No primeiro turno, o ministro, relator do pedido, concedeu uma liminar em que garantiu a manutenção do serviço em cidades que já ofereciam o benefício em eleições passadas. Esse foi o caso, por exemplo, de Porto Alegre.
— Queremos a extensão dos efeitos dessa liminar, garantir que haja repetição disso no segundo turno, que as empresas concessionárias mantenham e que a Justiça eleitoral requisite veículos municipais, estaduais, públicos, sobretudo nas zonas rurais, e com isso garanta a remoção de barreira econômicas ao exercício do direito do voto — disse o ex-governador do Maranhão e senador eleito, Flávio Dino (PSB), um dos participantes do encontro com Barroso no STF.
Integrantes da campanha de Lula levaram ao ministro dados que mostram o impacto da gratuidade em cidades que a adotaram. De acordo com os petistas, no primeiro turno, por exemplo, Diadema, na grande São Paulo, teve um aumento de 112% do número de pessoas que circularam de ônibus aos domingos. Já na vizinha Mauá, que não ofereceu o serviço de graça, a alta foi de apenas 27%.
— Em muitas cidades os eleitores pagam mais de R$ 4 para ir votar e R$ 4 para voltar. Para justificar o voto depois, a multa é de R$ 3,50. E também dá para fazer por aplicativo — disse ao GLOBO Rui Falcão, um dos coordenadores da campanha petista.
Historicamente, a taxa de abstenção costuma ser maior no segundo turno em comparação com o primeiro. No último dia 2, 20,95% dos eleitores do país deixaram de comparecer. Como mostrou o GLOBO na semana passada, a ausência foi maior em cidades onde Lula é mais forte do que Bolsonaro. Segundo os resultados por município, em geral, quanto maior o número de votos no ex-presidente, maior também foi o índice de abstenção do eleitorado.
Feriados preocupam
Do lado bolsonarista, aliados tentam convencer apoiadores a manter a mobilização no segundo turno em estados onde o presidente teve mais votos. Em Goiás, por exemplo, o governador reeleito, Ronaldo Caiado (União), pediu a prefeitos que ajudem a conscientizar eleitores a irem às urnas.
Outra preocupação entre apoiadores do presidente é a proximidade de feriados com a data do segundo turno. Na sexta-feira, 28 de outubro, é Dia do Servidor Público e, na quarta-feira seguinte às votações, será Dia de Finados. Como mostrou a coluna de Lauro Jardim, do GLOBO, em reunião com aliados, a cúpula do PL pediu que deputados e senadores reforcem na campanha a necessidade de o eleitor comparecer às urnas no dia 30 de outubro e evitem viajar no período. A avaliação do núcleo político é de que a abstenção possa prejudicar mais Bolsonaro que Lula devido ao perfil do eleitor de cada um.
Na semana passada, as deputadas Bia Kicis (PL-DF) e Carla Zambelli (PL-SP), aliadas de Bolsonaro, chegaram a publicar vídeo pedindo para os eleitores esquecerem os feriados. “Nós precisamos que você esqueça essa história de feriado”, disse Kicis. (Colaborou Dimitrius Dantas)