O Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos (DHS) está investigando se crianças empregadas ilegalmente como trabalhadoras noturnas em matadouros da JBS Foods nos estados de Nebraska e Minnesota são vítimas de tráfico humano.
A investigação, conduzida desde agosto do ano passado, constatou a presença de ao menos 31 crianças entre 13 e 17 anos de idade em ocupações perigosas. Algumas delas foram encontradas com queimaduras nas mãos devido à exposição a produtos químicos de limpeza.
Este não é o primeiro escândalo envolvendo a empresa dos irmãos Joesley e Wesley Batista na imprensa norte-americana nos últimos dias. Ainda no mês passado, o grupo de ativismo ambiental Mighty Earth entrou com uma representação na Securities and Exchange Commission (SEC), a “CVM” americana, pedindo a abertura de uma investigação sobre os mais de US$ 3.2 bilhões em títulos verdes (green bonds) que a JBS emitiu nos Estados Unidos. Os títulos são vinculados a metas de sustentabilidade da empresa e, segundo o documento entregue à SEC, correspondem a emissões “enganosas e fraudulentas”.
No ano passado, uma pesquisa do Institute for Agriculture and Trade Policy havia destacado que as emissões de gases combinadas de metano de 15 das maiores empresas de carne e laticínios do mundo são maiores do que as de vários dos maiores países do mundo, incluindo Rússia, Canadá e Austrália. A JBS aparecia no topo da lista. O relatório indicava que as emissões da companhia brasileira “superam em muito todas as outras empresas”, incluindo países de grande extensão territorial, como França, Alemanha, Canadá e Nova Zelândia.
Multa por corrupção
As suspeitas que pairam sobre a empresa de carnes dos irmãos Batista vêm levando congressistas democratas a solicitar ao Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) um processo de suspensão contra empresas ligadas à JBS, incluindo a companhia americana do setor avícola Pilgrim’s Pride.
Congressistas como Rosa DeLauro (Connecticut) e Marco Rubio (Florida) chegaram a pedir ao secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, para revisar as transações comerciais da empresa naquele país.
Os pedidos começaram ainda em 2020, quando a JBS pagou uma multa de US$ 256,5 milhões a J&F se declarou culpada por violar a Lei de Práticas de Corrupção no Exterior (FCPA) dos Estados Unidos. Segundo promotores dos EUA, as propinas pagas por executivos da J&F para autoridades governamentais de alto escalão superaram US$ 150 milhões.
O secretário de Agricultura dos Estados Unidos, Tom Vilsack, afirmou recentemente que impedir a JBS de contratos com o governo americano pode prejudicar os contribuintes, já que a empresa tem poucos concorrentes no País. A declaração foi alvo de críticas por parte da imprensa.
Diário do Poder