por FERNANDO PEREIRA – jornalista e teólogo.
A frase de A.W. Tozer, “O que vem à nossa mente quando pensamos em Deus é a coisa mais importante sobre nós”, é ao mesmo tempo simples e profundamente desafiadora. Ela nos convida a olhar para dentro de nós mesmos e avaliar com honestidade a essência da nossa relação com Deus. Estamos realmente buscando a face de Deus ou apenas o que Ele pode nos oferecer? Nosso entendimento de Deus é moldado pela verdade divina ou pelas nossas próprias necessidades humanas e passageiras?
Deus ou reflexo de nós mesmos?
Vivemos em uma época em que o “eu” é centralizado em quase todas as áreas da vida. Redes sociais nos incentivam a projetar uma imagem idealizada de quem somos, e a cultura do consumo nos ensina que devemos buscar aquilo que nos faz sentir bem, confortáveis e realizados. Infelizmente, essa mentalidade também invade nossa compreensão de Deus.
Em muitos casos, Deus é apresentado como um fornecedor de bênçãos, um solucionador de problemas ou um facilitador dos nossos sonhos pessoais. Oramos para que Ele resolva nossos problemas financeiros, cure nossas doenças, abra portas e remova obstáculos. Embora essas orações sejam válidas, o perigo está em limitar nosso relacionamento com Deus a um ciclo de pedidos e respostas. Quando isso acontece, Deus deixa de ser o Criador soberano, santo e digno de adoração, e se torna apenas um reflexo das nossas próprias necessidades.
Conhecimento verdadeiro ou superficial?
Muitas vezes, confundimos conhecimento sobre Deus com conhecimento de Deus. Ler sobre Deus, frequentar cultos e estudar a Bíblia são atividades essenciais, mas elas só fazem sentido se nos levarem a um relacionamento autêntico e transformador com Ele. Conhecer a Deus é mais do que acumular informações ou repetir verdades doutrinárias — é experimentar Sua presença, ouvir Sua voz e ser moldado por Seu caráter.
O verdadeiro conhecimento de Deus nos desafia a abandonar nossos desejos egoístas e alinhar nossas vidas à Sua vontade. É um processo de renúncia e entrega que, paradoxalmente, nos conduz à verdadeira liberdade e paz. Quando compreendemos quem Deus realmente é, nosso foco deixa de estar em “o que Deus pode fazer por mim” e passa a estar em “quem Deus é em Sua glória e santidade”.
Um relacionamento que faz a diferença
Um relacionamento verdadeiro com Deus não se limita às emoções do momento ou à satisfação das nossas necessidades imediatas. Ele transforma nossas prioridades, valores e a maneira como nos relacionamos com o mundo ao nosso redor. Uma fé genuína nos leva a viver como embaixadores do Reino de Deus, trazendo justiça, amor e esperança para um mundo que carece desesperadamente desses atributos.
Esse tipo de relação exige que enfrentemos a dura verdade de que nem sempre receberemos o que queremos. Deus nem sempre dirá “sim” às nossas orações, mas Ele sempre trabalhará para o nosso bem eterno (Romanos 8:28). A questão central não é o que Deus faz por nós, mas quem Ele é e como podemos conhecê-Lo mais profundamente.
Uma pergunta que nos desafia
Então, o que vem à sua mente quando você pensa em Deus? Sua ideia de Deus está baseada na revelação da Sua Palavra ou nos seus próprios anseios e expectativas? Você busca um relacionamento real e transformador com Ele ou está preso a uma fé superficial que gira em torno das suas necessidades pessoais?
Reflita sobre essas questões e permita que o Espírito Santo revele as áreas em que você precisa crescer. Deus deseja ser mais do que uma solução temporária para seus problemas — Ele deseja ser seu Pai, seu Salvador e seu Amigo. Um relacionamento com Ele não é apenas sobre o que podemos receber, mas sobre quem podemos nos tornar por meio da Sua graça e amor.
Que nossas mentes e corações sejam renovados, para que possamos conhecer e amar a Deus pelo que Ele realmente é: o Senhor soberano, santo e digno de toda adoração.
Feliz 2025 para você e sua família.
