Em um evento do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, em maio deste ano, o ministro do governo Bolsonaro, Paulo Guedes, também defendeu a criação de uma moeda única para o Brasil e Argetina.
No fórum em que o Guedes participou, o tema do encontro foi empreendedorismo e práticas de governança, sociais e ambientais na América Latina. O ministro chamou atenção para a disrupção das cadeias de produção mundiais e a alta da inflação que seguiram a pandemia do Covid-19. A guerra na Ucrânia exacerbou ainda mais estes movimentos, segundo o ministro.
“Vamos ver, provavelmente, o peso real”, diz Guedes
“A inflação global está subindo, os preços de alimentos e petróleo estão subindo. Águas turbulentas pela frente”, afirmou Guedes, que destacou a importância do Brasil e da América Latina nesse cenário, enquanto provedores de segurança alimentar e energética para a Europa.
O Ministro sugeriu a possibilidade de uma moeda comum como previsão para os próximos 15 anos. A vantagem desse movimento seria promover uma maior integração na América Latina e garantir o fortalecimento dos países para investimento e comércio, em meio a um cenário de alto risco geopolítico.
“Eu acho que vamos ver, provavelmente, o peso-real”, disse o Ministro.
O exemplo mais famoso de moeda única é o euro, emitido pelo Banco Central Europeu (BCE) e vigente entre 19 países da União Europeia. Segundo o BCE, algumas vantagens da moeda única incluem tornar mais simples “estudar, trabalhar ou viver no estrangeiro”.
Entraves à criação da moeda comum
Não é a primeira vez que Paulo Guedes faz menção ao estabelecimento de uma moeda comum. Mas os requisitos da união monetária talvez adiem em mais alguns anos o sonho do Ministro.
Antes de unificar a moeda é necessário que os dois países cumpram objetivos comuns de crescimento, estabilidade e emprego, já que a política monetária traz consigo impactos nestes setores. E sabe-se que a economia argentina não passou por bons momentos nos últimos anos.
Atingir estabilidade também é importante por outro motivo: ao abrir mão da moeda, um país perde a soberania sobre a taxa de câmbio, que é um dos principais mecanismos de defesa contra choques econômicos externos. Assim, a criação do peso-real deve exigir planejamento extenso antes de se concretizar.