A DEMOCRACIA MORRE NA ESCURIDÃO

Porto Velho às ordens do crime

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Por Leone Oliveira

Não desejo eu com esse artigo dar uma de trombeta do apocalipse, mas pelo jeito que a coisa vai, Porto Velho se tornará um “Rio de Janeiro” de Rondônia. Hoje foi veiculado pelo Uol uma matéria na qual trazia como foto de destaque uma folha sulfite, grudada com fitas em uma janela, num condomínio em Porto Velho. Na folha colada na entrada de um dos condomínios da capital, estão escritas regras que devem ser seguidas rigorosamente pela comunidade. Tudo foi minuciosamente estabelecido pelo crime organizado, que aos poucos vem sendo mais ousado.

No teor da matéria, o promotor Fábio Casaril, do MP-RO, não confirmou um auge na violência durante os últimos tempos. Apensar disso, os assassinatos vem aumentando na capital, conforme dados que serão apresentados adiante. É ululante que, na ausência do estado, como se vê em Rondônia, as facções criminosas tomam espaço. Conforme bem apresentado no documentário “Entre Lobos” da Brasil Paralelo, não existe ausência de poder. Em sua vacância, há sempre alguém para ocupá-lo.  

O fato é que o estado tem sido vacante em muitas regiões, principalmente na capital, abrindo espaço para as guerras entre facções criminosas que disputam pontos de venda de drogas, um mercado paralelo muito lucrativo.

Entre janeiro e março deste ano, Rondônia foi o estado que teve o maior aumento nos números de assassinatos no País, conforme dados do Monitor da Violência, um projeto desenvolvido gelo g1 para monitorar o crime em todo território nacional. Foram 85 assassinatos em 2021, contra 126 neste ano, um aumento de 48%. De todos os assassinatos, 40,7% foram somente na capital Porto Velho.

Imagem do g1

Em maio, o antigo Secretário de Segurança, José Hélio Cysneiros Pachá, conhecido como Coronel Pachá, disse ao g1 que a capital “tem sofrido com ações de organizações criminosas as quais, buscam domínio frente a outros grupos criminosos e essa disputa tem reflexos diretos no atual aumento dos números de homicídios”  e que “tem despendido esforços no intuito de unir as Forças de Segurança Pública estaduais por intermédio de apoio logístico e de informação, para o enfrentamento desta questão”. Também disse que estava sendo formada uma força-tarefa para combater o crime organizado.

Estava blefando?

Em meio ao segundo-turno das eleições, com o aumento desenfreado dos assassinatos e com “toques de recolher” ordenados pelo crime, o governador reeleito Marcos Rocha exonera Coronel Pachá, e coloca em seu lugar o Tenente Coronel do Corpo de Bombeiros Felipe Bernardo Vital, de 38 anos.

Vital terá como grande desafio fazer aquilo que seu antecessor não fez: frear o avanço do crime organizado e reestabelecer a ordem na capital. Já em poucos dias depois de empossado, a população presenciou com maior frequência camburões da polícia fazendo ronda pela cidade. Não obstante, entre os dias 10 e 16 deste mês de novembro, foram oito assassinatos e sete tentativas de homicídios somente em Porto Velho.

Se buscarmos o mês de setembro, foram 12 mortes ­­registradas em apenas uma semana.

De acordo com a Delegacia Especializada na Repressão de Crimes Contra a Vida  (DERCV), entre janeiro e setembro deste ano um total de 153 inquéritos foram instaurados na capital — o período do levantamento é referente a 1° de janeiro até 26 de setembro. Um número bem maior que o ano passado, no qual foram abertos 122 inquéritos.

Como demonstrado, o novo secretário de segurança está com um grande problema em mãos, e se não conseguir adotar estratégias, unir as forças policiais e trabalhar de forma efetiva e orquestrada, dificilmente irá conter o crime que vem se organizando ainda mais todos os dias. Crime que vem tomando conta da capital, fazendo com que a cidade nos lembre do Rio de Janeiro, que possui inúmeras comunidades nas quais imperam as leis das respectivas facções que as dominam. Basta as vendas de drogas aumentarem, o número de armas aumentarem e a falta de coesão e força-tarefa das policias fracassarem, que Porto Velho estará tomado pelo caos e às ordens do mal, como vem aos poucos acontecendo.

Está muito cedo para carimbarmos o resultado desse embaraço, o novo secretário não tem nem dois meses que assumiu a segurança. Esperemos os próximos meses para vermos suas ações e os efeitos que terão sobre o mundo paralelo que assombra a população rondoniense. Se as coisas continuarem como estão, podemos mudar o nome de “Porto Velho” para “Rio de Janeiro”. Em pouco tempo criminosos dominariam as principais comunidades da cidade com armas de grosso calibre e impediriam até mesmo a entrada de policiais. Espero, é claro, que tudo não passe de um devaneio. Mas não podemos descartar nenhum hipótese, ainda mais em uma região como a da nossa capital, fronteira com a Bolívia e de portas abertas ao Rio Madeira. Cenário perfeito para a bandidagem que esta cada vez mais ousada e pondo de joelhos o estado e a população.

Indicado por: Leone Oliveira

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