A DEMOCRACIA MORRE NA ESCURIDÃO

Sob os pés de jabuticaba

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por LEONE OLIVEIRA

Peço licença ao estimável leitor acostumado com os textos de política, para discorrer sobre a experiência que passei hoje, quinta-feira, dia 12 de outubro, num sol forte e radiante, sob as frescas sombras dos pés de jabuticaba do meu quintal.

Hoje pude raciocinar e concluir como a rotina do dia a dia, modulada pela modernidade e todo seu avanço, pode fazer com que nos esqueçamos de coisas tão simples e enriquecedoras.

Em minha cadeira, encostado no muro com tijolos expostos, lendo – como de praxe – Dostoievski, passei a tarde ouvindo, sem querer, a conversa de meus vizinhos. Como todos sabem, hoje é feriado. Não me lembro do que, mas é feriado. Informaram-me pelo manhã de que era feriado. Como em todo feriado, as pessoas estão em suas casa, muitas vezes.

Do outro lado do muro, meus vizinhos, morando em casa simples, estavam conversando, dando risada e brincando com as crianças, jogando nelas baldes de água. Era uma felicidade que só. Tratavam sobre amenidades da vida e gargalhavam um do outro. Estavam completamente alheios à guerra de Israel-Hamas, ao aumento do ICMS pelo governo do estado, às exonerações de Joaquim, e tudo aquilo que poderia tirar o sossego de alguém. Haja leveza, Deus!

Deles eu possuo a mais profunda inveja. Mas dessa plenitude eu pude gozar nesta tarde, por mais que fosse por poucas horas. Na tarde de hoje, tentei esquecer dos fatos políticos que tanto me trazem inquietações. Pude, amigo leitor, ouvir os cânticos dos pássaros que me passavam despercebidos na correria do dia a dia. Pude sentir o vento bater nas folhas dos pés de jabuticaba.

Por poucas horas, amigo leitor, fui tomado por uma paz interior que há muito tempo não experimentava. Foi uma experiência ímpar. Essas coisas pequenas e tão valiosas da vida, amigo leitor, são liquidadas com os excessos de informações que consumimos diuturnamente; são liquidadas com o turbilhão de pensamentos que nos assaltam a mente, amigo leitor. Somos escravos da modernidade que nos rouba a paz e as coisas belas e singelas da vida.

Sabe-se lá quando terei outra oportunidade de gozar da mesma plenitude que gozei na tarde de hoje, ao observar atentamente cada detalhe das coisas em minha volta. Ao sentir, respirar e ouvir, de maneira calma e serena, aquilo que ignoro da forma mais cruel pela correria do cotidiano.

Hoje pude ver o pôr do sol no longo horizonte. O sol ia se pondo, levando consigo minha paz e serenidade, e eu fui sendo aos poucos tomado de volta pela modernidade e suas inquietações, me transformando no de sempre: um ser agitado e distraído.

Indicado por: Leone Oliveira

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Almira. Martins Leite Gama
Almira. Martins Leite Gama
9 meses atrás

Linda reflexão, mas a vida é mesmo assim a gente só não pode permitir q as coisas e os problemas q rodeiam tiram a nossa paz e nossa paz de espírito.É bom sempre se lembrar q precisamente recarregar a bateria para vivermos melhor

Regina Maria Baquer de Oliveira
Regina Maria Baquer de Oliveira
9 meses atrás

É isso, precisamos nos conectar mas com a natureza com o criador (Deus,) cabe a nós mesmos buscar essa paz interior precisamos valorizar mas o próximo a vida familia amigos fazer é busca tempo pra ser feliz e amar mas a vida.

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