Depois do escândalo do asfalto, do escândalo da CPI da educação, do escândalo do compadrio político, do escândalo dos abusos contra servidores durante as eleições, dentre outras infindáveis possíveis irregularidades da administração do atual prefeito, surge o TRATOLAÇO, o mais novo descoberto por vereadores do município depois de denúncias de moradores.
Na última sexta-feira, 18, o vereador Brunno Carvalho (Solidariedade) publicou um vídeo no qual aparece junto com a vereadora Rosana Pereira (Sem partido), no distrito de Nova Colina.
No vídeo, Carvalho afirma que eles receberam denúncias de moradores da região alegando que maquinas alugadas pelo município de Ji-Paraná ficavam ligadas, por várias horas, sem ao menos sair do lugar.
A denunciante, que é uma moradora local, envio vários vídeos gravados em diferentes horários do dia nos quais mostram os tratores que deveriam estar sendo utilizados para trabalhar, simplesmente ligados e parados na sombra.
“MAIS UM DIA AS MÁQUINAS DESSE JEITO”
Em um dos vídeos, a moradora afirma estar gravando no dia 14/11 e diz ser “mais um dia as máquinas desse jeito (ligadas) sem nada para fazer”, dando a entender que os tratores já estavam há vários dias na mesma situação, ligados e sem trabalhar.
Foram inúmeras filmagens feitas pela moradora relatando a mesma situação: trator ligado e sem trabalhar.
Hora os tratores estavam embaixo de uma árvore, hora estavam ao lado de um muro, hora estavam simplesmente sob o forte sol, no meio de um terreno limpo, sem trabalho algum a ser feito. Mas em todos os momentos, os tratores estavam ligados, gastando tanto combustível quanto “tempo”.
Em cada trator, há um dispositivo chamado “horímetro” responsável por marcar a quantidade de horas “trabalhadas” da máquina.
O pagamento para a empresa terceirizada é feita mediante a leitura desse dispositivo, no qual se calcula a quantidade de horas em que a máquina esteve “trabalhando” e multiplica pelo valor da hora-máquina.
Conforme disse a vereadora Rosana Pereira, o valor pago pela prefeitura é de 280 à 300 reais a “hora trabalhada”.
Depois de terem recebido a denúncia, os vereadores Brunno Carvalho e Rosana Pereira foram até o distrito de Nova Colina averiguar a situação, e confirmaram a ilegalidade.
Na última sexta-feira, 18, os dois vereadores publicaram em suas redes sociais vídeos explicando a situação.
O primeiro vídeo, postado na rede social do vereador Brunno, mostra ambos os parlamentares ao lado de um dos tratores ligados.
“Estamos aqui hoje, para ver de perto esse crime, dinheiro jogado fora do povo. As maquinas deveriam estar trabalhando, mas infelizmente está aqui (ligadas)”, afirmou Carvalho.
“Cada hora, pessoal, é em média $250,00 a $300,00 de hora máquina. Então, assim, está pagando ó, o município está pagando”, disse Rosana.
O trator flagrado pelos vereadores estava com adesivos indicando ser “terceirizado” e da prefeitura de Ji-Paraná.
“Isso aqui é um crime, é dinheiro jogado fora. Só duas horas de serviço aqui vai ser mais de 600/700 reais, pago com dinheiro do povo”, finalizou Carvalho.
“Isso, pessoal, é todos os dias da semana. Todos os dias, horas e horas. {…} a pessoa que denunciou filmou 9h, 8h, 16h, ficou filmando aqui”, completou Rosana.
No segundo vídeo, publicado na rede social da vereadora, a parlamentar afirma que foram até os trabalhadores que estavam responsáveis pela máquina e os mesmos se limitaram a dizer ela estava com “defeito”, mas garantiu que o horímetro não estava rodando, o que é contraditório, conforme explicação de especialista.
Os vereadores solicitaram à prefeitura o relatório da quantidade de horas em que as máquinas ficaram sob funcionamento, contudo, até o momento desta matéria, o relatório não foi apresentado.
O HORÍMETRO
O horímetro é um dispositivo acoplado no painel da máquina que funciona para contabilizar as “horas trabalhadas”. Contudo, de acordo com especialista, dependendo do modelo, exige-se que o contratante esteja em cima do prestador de serviços para que não ocorra nenhuma irregularidade, como a que foi presenciada pelos vereadores de Ji-paraná, no distrito de Nova Colina.
Em um simples vídeo explicativo no YouTube, um especialista disse que o “horímetro pode ser analógico ou digital, o mecanismo de funcionamento será sempre o mesmo. O horímetro é instalado originalmente no sinal elétrico emitido do alternador. Ou seja, toda vez que dermos partida e o motor começar a funcionar, o horímetro começa a contabilizar as horas”.
Dessa maneira, independentemente se a maquina esteja ou não andando, o simples fato de o motor estar ligado, já faz o horímetro entrar em funcionamento e contabilizar o tempo.
No vídeo, o especialista ainda indica que os internautas contratarem pessoas de confiança, caso precisem de uma máquina para trabalhar por hora, justamente para não ocorrer fraudes.
“Se você tiver que fazer isso, de pagar por hora, ou você confia muito na pessoa, igual eu tenho pessoas de confiança que já fez serviço para mim por hora {…} já se você não conhece a pessoa, você tem que acompanhar o serviço”, afirmou.
Até o momento não se sabe o modelo dos horímetros que estavam nas máquinas, tampouco se os mesmos, definitivamente, haviam registrado todo o tempo em que elas ficaram em funcionamento sem fazer nada durante dias.
Em um dos comentários no vídeo da vereadora Rosana, um cidadão afirma já ter presenciado “diversas vezes” a mesma situação denunciada pela moradora de Nova Colina. Rosana sugere que o mesmo filme e mande para ela.
O Fronteira entrou em contato com a vereadora Rosana Pereira, que afirmou ter requerido da prefeitura o relatório das horas registradas pelas máquinas. O prazo de resposta é de 15 dias.