O TRF-4 determinou em medida cautelar, nesta segunda-feira (22), o afastamento do juiz Eduardo Appio (foto) da 13ª Vara Federal em Curitiba, responsável pela Lava Jato no estado.
Appio é suspeito de ser autor de ligação com ameaças ao filho do desembargador Marcelo Malucelli.
Decisão não é definitiva, visto que o mérito não foi julgado, e o magistrado terá 15 dias para apresentar defesa prévia.
O TRF-4 fez o julgamento levando em conta um processo da Corregedoria Regional que apura responsabilidade do juiz sobre acesso a um número de telefone utilizado em ameaça a um desembargador federal. “Apurou-se que o juiz federal Eduardo Fernando Appio acessou o referido processo judicial duas vezes em 13/04/2023, em horário muito próximo àquele da ligação telefônica suspeita”, mostra trecho de cópia do processo obtido pela CNN.
A ligação telefônica teria sido feita apenas um dia após a determinação de “correições parciais” contra Appio em outro procedimento da Corregedoria. No documento ainda é apontado que “pôde-se perceber existir muita semelhança entre a voz do interlocutor da ligação telefônica suspeita e a do juiz federal Eduardo Fernando Appio”. Por esse motivo, os fatos foram comunicados à Polícia Federal com a solicitação de perícia para atestar a autoria da ligação.
Eduardo Appio (foto), assumiu nesta segunda-feira (22) que assinava em sistema eletrônico da Justiça Federal como “LUL22“, em referência à campanha presidencial de Lula (PT) em 2022.
Appio afirmou que a assinatura era um protesto contra a prisão do petista.
“Alguns anos atrás, quando o presidente Lula ainda estava preso, a minha sigla de acesso ao sistema da Justiça Federal era ‘LUL22′”, disse o magistrado à Globo News.
“Na época eu trabalhava com matéria previdenciária e esse foi um protesto isolado, individual, contra uma prisão que eu reputava ilegal. E depois, de fato, o STF [Supremo Tribunal Federal] considerou a prisão ilegal”, acrescentou.
Appio doou para a campanha presidencial de Lula no ano passado e é abertamente crítico da atuação de Sergio Moro e Deltan Dallagnol.
Ainda nesta segunda, o magistrado também revelou como pretende apagar todo o legado da Operação Lava Jato, a partir de um caso de suposto grampo na cela do doleiro Alberto Yousseff em 2014.