O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, quer fazer um novo tratado nuclear com a Rússia “imediatamente”, para substituir o acordo “Novo Start”, que expira em 2026, e que estabeleceu um limite no número de armas nucleares aos dois países.
Em nota, Biden afirmou que a negociação “requer um parceiro disposto a agir de boa-fé” e disse que “a agressão brutal e injustificada da Rússia na Ucrânia destruiu a paz na Europa e constituiu uma ataque aos princípios fundamentais da ordem internacional”. “A Rússia deveria mostrar que está preparada para retomar o trabalho de controle de armas nucleares com os EUA”.
Assim que chegou à presidência, Biden se dispôs a manter em vigência o acordo “Novo Start” por mais 5 anos, o qual estabelece um limite de 1550 ogivas nucleares e 700 sistemas balísticos para cada um dos países, em terra, mar ou ar. Biden também tem interesse que a China participe do acordo, alegando que a mesma possui responsabilidade nessa área como um dos cinco países do mundo que possuem ogivas signatários do Tratado de Não Proliferação Nuclear e como membro permanente da ONU. “Não há benefício para nenhuma das nações ou para o mundo resistir a uma cooperação substancial no controle de armas e não-proliferação nuclear”, afirmou.
Na última segunda-feira, 01, em uma reunião para a Décima Conferência de Revisão para o Tratado sobre a Não-Proliferação de Armas Nucleares, em Nova York, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, afirmou que o mundo está a “um erro de cálculo da aniquilação nuclear”. “Até agora, tivemos uma sorte extraordinária. Mas a sorte não é uma estratégia ou um escudo para evitar que as tensões geopolíticas se transformem num conflito nuclear”, frisou.
Por meio de carta, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse que parte do fato que “não há vencedores em uma guerra nuclear e ela nunca deve ser desencadeada, e defendemos uma segurança igual e indivisível para todos os membros da comunidade mundial”. Contudo, até o momento, não indicou se está disposto a fazer um novo acordo com os EUA.
O NOVO START
O novo start foi assinado em 2010 pelo então presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e Dmitry Medvedev, entrando em vigor a partir de 2011. O acordo bilateral entre Estados Unidos e Rússia limita a quantidade de armas nucleares que cada país pode ter. O acordo perderia a validade em fevereiro de 2021, contudo, a partir de negociações entre Washington e Kremlin, o prazo foi estendido para 2026.
Posterior ao aumento do prazo, em comunicado, o Chanceler russo, Sergei Lavrov, disse que a extensão “garantiu a preservação e o funcionamento central de manutenção de estabilidade estratégica, em estrita paridade, limitando os arsenais de mísseis nucleares das duas partes. Tendo em conta a especial responsabilidade de Rússia e EUA como as maiores potências nucleares, foi tomada uma decisão importante, que garante o nível necessário de previsibilidade e transparência nesta área, no respeito estrito do equilíbrio de interesses”.
O secretário de Estado Americano, Antony Blinken, disse que o novo prazo estabelecido “deixa os EUA, os seus aliados e parceiros e o mundo mais seguros”, e que uma “competição nuclear sem regras colocaria a todos em risco”. Entretanto, o secretário manteve a postura de praxe que e vê a Rússia como uma ameaça ao Estados Unidos. “O regime de verificação do Novo Start nos permite monitorar o cumprimento pela Rússia dos termos do tratado e nos dá uma maior visão da postura nuclear russa, incluindo em trocas de informações e inspeções presenciais, permitindo aos inspetores americanos observar as forças e instalações nucleares russas”, disse Blinken. “Permaneceremos de olhos abertos para os desafios que a Rússia apresenta aos EUA e ao mundo”, completou. Um ano mais tarde, Rússia invade a Ucrânia.