Livre após seis anos de prisão, Sérgio Cabral (foto) voltou a negar acusações contra ele. Em entrevista à Folha de S. Paulo, o ex-governador, que, segundo investigações, teria cobrado 5% de propina em grandes obras e acumulado US$ 100 milhões em contas no exterior em nome de doleiros, criticou o juiz Marcelo Bretas, responsável pela Lava Jato fluminense.
“De um pingo fizeram um oceano. De uma situação, o juiz Bretas faz 35 processos sobre as minhas atitudes públicas, distorce tudo, mente e confunde. Nunca superfaturei. É errado caixa dois? É errado. Mas os prestadores de serviços diziam nos bastidores: ‘Governador, é a primeira vez que a gente tem alguém aqui que não queira ser sócio nosso’”, afirmou Cabral.
“Mas eu cometi erros e tenho que enfrentá-los, como enfrentei. Fiquei seis anos preso injustamente diante das circunstâncias e do número de processos que essa pessoa inventou para mim”, acrescentou.
Questionado sobre as investigações que apontam que ele acumulou US$ 100 milhões no exterior, o ex-governador afirmou: “Está no meu nome? Eu tinha gente no caixa dois que me ajudava. O pai desses dois rapazes [os doleiros Renato e Marcelo Chebar, que devolveram o dinheiro] era casado com a minha secretária. Eles me ajudavam no dinheiro do caixa dois. Esses rapazes cuidaram de um monte de gente. […] Como é que alguém deixa US$ 100 milhões com outra pessoa e não tem um documento, uma “side letter”? Eles não conseguiram comprovar.”
Ainda na entrevista, após ser perguntado sobre seu futuro, Cabral disse não ter pretensão política. “Fui gestor por 30 anos. Pretendo seguir carreira de jornalista, consultor. Colaborar tanto na gestão privada, quanto até mesmo em campanha”, prosseguiu.
O Antagonista