Por Fiscal do Meu Preto
Cidade tão jovem e com um potencial enorme, essa é a melhor definição que achei para a nossa querida Ji-Paraná ou simplesmente “Jipa”, como gostamos de chamar. Segunda cidade mais populosa do estado comemora 45 anos de emancipação política no próximo dia 22 de novembro. Mas o que temos para comemorar?
A Prefeitura preparou uma grande festa para celebrar esta data, contratou vários artistas do cenário nacional, empresa de fora para montar toda a estrutura necessária, pelo valor investido tem tudo para ser uma festa linda, estou falando da “Festa de Milhões”, isso mesmo, será gasto milhões em dois dias de festa no coração de Rondônia. Não sou contra comemoração, até por que a nossa população merece ter um momento cultural de lazer, mas eu pergunto ao nobre leitor: Será que temos realmente motivos para comemorar?
Não sei nem por onde começar, na Constituição Federal em seu art. 6º, estabelece como direitos sociais fundamentais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância. Pois bem, em Ji-Paraná alguns desses direitos estão sendo violados da população.
Vamos falar da SAÚDE, prometo não falar da secretária Wanessa que esse ano já pegou mais de 35 mil reais de diárias e só vive viajando, talvez por não ser muito presente em seu posto, a saúde está na UTI como vou relatar. Imagine você trabalhar o mês todo e no final do mês não receber ou ter a sua produtividade (horas extras) retirada sem a menor explicação, oposição ao candidato do prefeito? Retaliação? Ou simplesmente por que não apoiou ou votou no príncipe da cidade? Seja qual for o motivo, com os servidores da saúde não deveria de forma alguma subtrair os seus salários, esses servidores têm trabalhado no limite por atender muitas vezes em condições precárias. No Hospital municipal quando chove é um tormento para profissionais e pacientes, a pediatria por exemplo, a água jorra do teto. Mas tudo bem, terá show de Fernando e Sorocaba.
Na farmácia básica, faltam muitos medicamentos, se um médico prescrever Amoxilina, infelizmente a população não encontrará. Faltam medicamentos de uso continuo (Diabetes, Antidepressivos, Pressão e outros), recebi de uma mãe uma receita emitida após uma consulta na UPA, dos cinco medicamentos prescrito ela encontrou apenas “DIPIRONA”, o restante não tinha. Mas tudo bem, terá show gospel com Paulo Neto.
O Centro Municipal de Atendimento Educacional Especializado para Autismo (CMAEEA) que outrora foi referência nacional e o Centro Especializado em Reabilitação (CER) estão defasados de servidores, não estou falando de portariados, esses têm muitos “lotados” nesses lugares sem nenhuma especialização. Vários profissionais foram aprovados em concurso público e aguardam ansiosamente para serem chamados, com certeza ajudaria e muito no CER e no CMAEEA. E o que mais me chama à atenção é que esses dois lugares citados têm um manual instrutivo que deve ser seguido e respeitado, com as diretrizes mínimas para funcionamento, posso afirmar que se fosse levado ao pé da letra o que diz a lei, os dois lugares eram para estarem fechados, por não ter profissionais suficiente para atendimento da população. Muitos pais me relataram que estão na fila há mais de dois anos buscando atendimento para o seu filho autista. No CER por exemplo, a lei diz que são necessários 4 zeladores, dois em cada turno para fazer a limpeza do local (só banheiro para limpar passa de 12), mas hoje tem apenas uma servidora, que ainda teve a sua produtividade cortada esse mês, tinha outra servidora, mas está foi transferida para UPA e hoje está na recepção em desvio de função. Mas tudo bem, terá show do quarteto communion.
Que tal agora falar da EDUCAÇÃO! Dias atrás recebi relato de uma mãe jiparanaense que teve que ir embora para Vilhena, para que o seu enteado pudesse estudar, tudo isso por falta de cuidadores nas escolas de Jipa, ela entrou na justiça e o juiz determinou que o município contratasse tais profissionais, isso foi em junho e até agora nada foi feito. O Art.58 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para assegurar a presença de cuidador na escola, quando necessário, ao educando portador de necessidades especiais. Essa mãe me contou com muita revolta esse episódio. Ainda na educação, foram comprados 9 milhões em lousas digitais, 9 milhões de notebooks, 4 milhões de laboratórios de ciência e outros “investimentos” mais, que gerou suspeita aos vereadores que resolveram criar uma CPI, coletaram as assinatura necessárias para abertura do processo na câmara e obteve a assinatura de sete vereadores: Marcelo Lemos, Dr. Edinho, Bruno Carvalho, Nim Barroso, Dra. Rosana, Vera Márcia, Edisio Barroso, porém, como sempre fazem, rasgaram o regimento interno da câmara e não deixaram abrir a CPI. Onde há fumaça, há fogo com toda certeza. Mas tudo bem, terá o show do Kelvin Araújo.
Poderia escrever um livro com inúmeras páginas mostrando que não temos o que comemorar nesse dia 22/11, só contando para vocês todas as denúncias que recebo diariamente em meu perfil, servidores fantasmas, portariados desqualificados, secretários que vivem mais viajando que aqui na cidade, farras de diárias e passagens aéreas, vereadores vendidos por cargos para seus familiares, portarias e indicações, buracos em toda a cidade causando acidente e transtornos para a população, asfalto sem drenagem, falta de apoio aos desportistas, dentre outras denúncias. Mas quero finalizar fazendo um pedido que vale mais, muito mais, que essa festa de milhões, talvez o melhor ato de toda a administração do Meu Preto e com toda certeza o melhor presente que toda a população espera e precisa nesse aniversário: É A RENÚNCIA DO ISAU FONSECA!
O trabalho convence, porém, o seu não convenceu!
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Fronteira 364