A DEMOCRACIA MORRE NA ESCURIDÃO

Lula 3 já flerta com intervenção maior na economia; leia análise

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Por – Murilo Rodrigues Alves

BRASÍLIA – Luiz Inácio Lula da Silva entregou no primeiro discurso como presidente empossado o que escondeu durante toda a campanha: as diretrizes econômicas do seu futuro governo. E o desenho proposto traz de volta uma visão mais desenvolvimentista, com maior participação do Estado como pilar da economia.

De largada, o presidente prometeu rever políticas mais liberais, como a reforma trabalhista e as privatizações de estatais, além de colocar por terra o que chamou de “estupidez” do teto de gastos – norma criada no governo do ex-presidente Michel Temer para limitar as despesas e garantir a sustentabilidade das contas públicas.

Sobre a reforma trabalhista, Lula disse que quer uma nova legislação para “garantir a liberdade de empreender” ao lado da “proteção social”. E que as novas regras serão discutidas entre governo, centrais sindicais e empresariais. Ele não detalhou as mudanças, mas deve enfrentar resistência do Congresso caso opte por mudar a base da reforma de 2017 que deu mais liberdade nas negociações entre patrões e empregados com a redução drástica dos processos judiciais.

O vice-presidente Geraldo Alckmin tinha tentado tranquilizar os empresários na campanha de que um governo Lula 3 não ia rever o princípio do acordado sobre o legislado e nem a volta do imposto sindical. Neste domingo, nada foi dito nesse sentido.

Lula defendeu o controle pelo Estado de empresas estatais e de bancos públicos para preservar o “patrimônio nacional”. “Os recursos do País foram rapinados para saciar a estupidez dos rentistas e de acionistas privados das empresas públicas”, disse. Nem uma palavra foi dita sobre a corrupção e falta de controle da ingerência política nessas companhias nos seus governos anteriores, com grandes desvios de recursos públicos.

O presidente empossado deu a entender que quer retomar a “reindustrialização” do País, ao criticar a importação de combustíveis, fertilizantes, plataformas de petróleo, microprocessadores, aeronaves e satélites. Segundo ele, cabe ao Estado ser o articulador para que a indústria brasileira chegue ao século XXI. De que forma? Com acesso a financiamento com “custos adequados”, sugerindo, ao que tudo indica, a retomada de empréstimos com subsídios com altos custos para o caixa do Tesouro.

Lula reconheceu que o novo mandato aprovado pelas urnas exige compromisso com “responsabilidade, credibilidade e previsibilidade”, com o controle da inflação e o respeito aos contratos. Para cumprir isso, terá de fugir do caminho intervencionista que levou aos erros cometidos nos seus últimos governos e de sua sucessora, Dilma Rousseff.

Essa matéria foi publicada originalmente aqui.

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