O Ministério Público do Rio de Janeiro desnudou um esquema de corrupção que teria desviado no mínimo R$ 226 milhões de reais de dinheiro público. O esquema criminoso ocorria no Centro Estadual de Estatística, Pesquisa e Formação de Servidores Públicos do Rio (CEPERJ). Os funcionários que foram contratados por meio de cargos secretos sacaram em dinheiro vivo todo o montante no Banco Bradesco somente nos sete primeiros meses deste ano. Uma média de R$32 milhões de reais por mês que eram sacados.
O processo que se debruça sobre o caso tramita na 15° Vara de Fazenda Pública do Rio de Janeiro. Os promotores de justiça responsáveis pelo caso, pediram a suspensão de futuras contratações, a menos que haja transparência. O montante sacado em espécie chegou a 91% de tudo que os funcionários receberam no ano de 2022.
O Ministério Público teria comparado a planilha de pagamentos que o banco forneceu e a planilha de pagamento da empresa Ceperj, neste ano. A quantidade de pessoas a mais que tinha na planilha do banco é de 9.665 pessoas. Ao todo o banco informou ter 27.665 funcionários recebendo. Na Ceperj, o número informado era de 18.000 funcionários, bem abaixo do informado pelo banco. Os promotores de justiça Eduardo Santos de Carvalho, Gláucia Santana e Silvio Ferreira de Carvalho, afirmaram que o saque de dinheiro em espécie “afronta as mais comezinhas regras de prevenção à lavagem de dinheiro”.
Após o caso vir à tona, a empresa Ceperj decidiu que todos os funcionários devem abrir uma conta corrente para receber seus salários. Antes, os empregados poderiam ir ao banco e apresentar apenas um documento para sacar o dinheiro em espécie. Ontem, a empresa também paralisou o projeto Casa do Trabalhador, que possui ao todo 9 mil cargos secretos, para que seja feita uma auditoria.
O MP suspeita que parte dos valores sacados – chegavam a meio milhão por dia – poderiam estar sendo repassados para outros funcionários, como em um esquema de rachadinha. “É manifesto, portanto, o risco de que a pessoa responsável por arregimentar a mão de obra contratada coordena as operações de saque em espécie para a mesma data, de modo a facilitar que parcela da remuneração dos contratados lhe seja repassada sem deixar rastro no sistema”, afirmou o MP-RJ. Disse ainda que “o levantamento de R$ 226,5 milhões em espécie implica em um volume incomensurável de dinheiro oriundos dos cofres públicos circulando ‘por fora’ do sistema financeiro, cuja efetiva destinação será impossível de verificar”.
Os promotores também descobriram que muitos funcionários públicos estavam incluídos nos cargos secretos da Ceperj, de tal forma a acumularem funções e salários, o que é proibido pelo estatuto do servidor fluminense e pela Constituição Federal. Uma servidora do Departamento de Estradas e Rondagem (DER) “sugerem que estejam ganhando através de dois projeto diferentes da Ceperj”. O governo do Rio de Janeiro ainda não se manifestou sobre o caso. As investigações continuarão avançando.