A DEMOCRACIA MORRE NA ESCURIDÃO

O risco por detrás da ‘democracia relativa’ de alas da esquerda política

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por Fernando Pereira – jornalista, teólogo, mercadólogo e mestrando em Ciências Políticas.

A democracia é um dos pilares fundamentais das sociedades modernas, marcada pela liberdade, a transparência e a participação popular. Entretanto, o conceito de democracia parece ganhar nuances e interpretações ambíguas quando observado sob a lente de alguns setores da esquerda. Em vários momentos, líderes e movimentos de esquerda se valem da ideia de democracia, mas a tratam de modo relativo, defendendo regimes autoritários sob o pretexto de que a democracia é uma questão de interpretação cultural ou ideológica.

O conceito de democracia relativizada é algo que muitos pensadores conservadores criticam com veemência. Edmund Burke, um dos pilares do pensamento conservador, acreditava que a democracia deveria ser construída a partir de tradições e da preservação das liberdades individuais, que ele considerava fundamentais para a estabilidade de uma sociedade. Burke defendia que a verdadeira liberdade é condicionada pelo respeito às tradições e ao estado de direito, sem os quais, para ele, qualquer sistema político se tornaria autoritário. Esse ponto de vista se opõe diretamente ao apoio da esquerda a regimes que, embora afirmem ser democráticos, suprimem a liberdade de expressão, a propriedade privada e a liberdade política.

No cenário moderno, o filósofo conservador Roger Scruton também reforça que a democracia depende da liberdade individual e da transparência do governo para com seus cidadãos. Scruton argumentava que a democracia deve ser uma busca constante pela verdade e pela liberdade, valores que ele considera corrompidos quando movimentos políticos buscam mascarar a realidade para consolidar o poder.

Exemplos de regimes que a esquerda frequentemente defende são Cuba e Venezuela. Ambos se autodenominam democráticos, mas estão marcados por medidas autoritárias, controle da mídia e repressão a opositores. Em uma ocasião polêmica, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao comentar sobre a situação política na Venezuela, afirmou que “democracia é relativa”, sugerindo que o conceito de democracia pode ser flexível ou adaptável a diferentes realidades. Tal declaração soa como uma justificativa para regimes que violam as liberdades fundamentais em nome de um projeto de poder ou ideológico.

Vale lembrar que filósofos como Alexis de Tocqueville, embora não conservador, ajudaram a definir a democracia como um sistema vulnerável, que precisa de vigilância e transparência constantes para funcionar adequadamente. Tocqueville alertava para o “despotismo democrático”, no qual o poder é concentrado nas mãos de uma elite que detém o monopólio das decisões, ainda que se apresente como representante da “vontade do povo”.

O ponto de vista conservador sobre a relativização da democracia se apoia no conceito de que a democracia verdadeira é inegociável, sendo fundamentada em valores universais e aplicáveis a todas as culturas e nações. Isso está em contraste com a prática de certos líderes de esquerda, que parecem utilizar o termo “democracia” como uma ferramenta para legitimar regimes autoritários, quando isso lhes é conveniente. Para o conservadorismo, a democracia é um compromisso com as liberdades e a dignidade humana, não uma ferramenta retórica adaptável para justificar políticas de controle.

Portanto, o conceito de democracia relativizada é uma ameaça à própria essência da liberdade. Democracia, como defendem os conservadores, não pode ser uma máscara para o autoritarismo; ela é um compromisso profundo com a liberdade, a justiça e a dignidade do ser humano.

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