A DEMOCRACIA MORRE NA ESCURIDÃO

Uma câmara a gosto do freguês

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por LEONE OLIVEIRA

***Este texto se trata de um artigo de opinião

Tão logo Isau Fonseca foi afastado de seu posto, os vereadores que outrora lhe batiam continência se acomodaram ao novo chefe do executivo, garantindo a permanência de cargos nos órgãos públicos que servirão para turbinar suas campanhas em 2024 e se perpetuarem no poder.  

Se há alguma dúvida quanto ao esfacelamento do estado de Direito, a relação entre o executivo e legislativo, especificamente nos municípios (mas nos Estados e em Brasília também), chancela todos os pensamentos que a mente mais pessimista é capaz de conceber, confirmando a tese que este colunista há muito tempo defende: o Brasil é um caso perdido. 

A pretensa independência e harmonia entre os poderes, esculpidas na carta magna, deveriam acontecer de maneira espontânea, mas parece que os parlamentares têm uma interpretação diferente. Na prática, a independência não existe e a harmonia é fraudada com subornos e favores, virando uma espiral em que ambos os poderes se beneficiam mutuamente. 

Por mais que parece ser inofensiva a prática de vender seu apoio em troca de cargos e favores, tal conluio atenta contra aquilo que há de mais sensível em uma democracia: o voto popular. Pois, uma pessoa que passou pelo sufrágio eleitoral e conquistou um mandato, deve atender aos interesses daqueles que a elegeu, e não aos interesses do chefe do executivo – que, com raras exceções, atua em causa própria. 

Para quê eleições se o político eleito não defenderá as bandeiras que defendeu na campanha e cederá aos interesses do executivo em detrimento dos interesses de quem o elegeu? Qual a finalidade das eleições, se o político eleito não analisará de maneira técnica as leis que lhe forem apresentadas, votando “sim” ou “não” conforme o gosto do freguês/chefe do executivo?

Em um mundo utópico, o ideal seria que os parlamentares do legislativo analisassem as leis de maneira técnica e aferissem os retornos que as mesmas trarão a sociedade. Na prática, contudo, é um jogo de “cartas marcadas”, em que os parlamentares muitas vezes nem leem o que está escrito, mas votam de acordo com os interesses do chefe do executivo para garantirem também seus próprios interesses.

Depreende-se, portanto, que nos lugares mais recônditos do estado se vislumbra a ganância e prepotência dos homens, que abrem mão dos valores e princípios que tanto dizem defender, para garantir a permanência sua e de seus circunstantes em posições de destaque e prestígio. É a democracia fraudada em seu estado mais patente.  

Não há saída a República bananeira que está condenada eternamente ao fracasso, submersa no lago da promiscuidade moral e ética e domina por dinossauros da política que, em nome do poder e das facilidades dele advindas, são capazes de fazer de tudo.  Quanto mais cedo termos ciência da prisão perpétua que pegou o Brasil, sofreremos menos. E por menos tempo. 

Indicado por: Leone Oliveira

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