Estimados colegas, antes de adentrarmos ao tema, quero fazer alguns adendos: (1) como podem perceber, a promessa de artigos quinzenais foi quebrada. Meu computador deu problema; (2) suspendi minhas redes sociais, não obstante, cedo ou tarde voltarei. Dado os recados, vamos ao que interessa.
Augusto Cury talvez seja um dos mais brilhantes psiquiatras ainda vivos. Brasileiro e autor de dezenas de livros que foram publicados em mais de 70 países, possuindo mais de 25 milhões de livros produzidos somente no Brasil, Cury ganhou o carisma de todos e virou referência quando o assunto é mente humana.
Em um de seus escritos, Armadilhas da mente, o mesmo conta uma história encantadora, que prende o leitor do começo ao fim. Camille, uma de seus personagens, é uma mulher linda, muito rica e com uma mente fascinante. Tem um vasto repertório que adquiriu com muito estudo e uma capacidade de argumentação acima da média. No entanto, apesar dos vários diplomas e do brilhantismo intelectual, a mesma não escapou de ser refém das próprias emoções.
Casada com um banqueiro, Marco Túlio, Camille sempre foi muito crítica, pessimista e nunca gostava de ser discordada. Certa feita, Túlio resolve comprar uma fazenda com a intenção de livrá-la do estresse que era a cidade. Os sintomas continuavam. Foram vários psicólogos contratados por ele para fazê-la emergir do lamaçal de angustia. Sem sucesso. Os problemas pioravam dia após dia. Transtornos e falta de vontade de sair de casa. Não obstante, a solução surgiu de onde menos se esperava: do jardineiro da fazenda.
Zenão do riso tinha a função de cuidar das plantas da fazenda. Sujeito humilde, mas de uma inteligência assustadora. Não demorou muito para Camille aprender muitas coisas com o novo amigo. Concomitantemente, ela também vinha tendo consultas super valiosas com o mais novo psicólogo – e único que deu certo -, Marco Polo.
O livro é excelente para quem gosta de um romance mesclado com filosofia e psicologia.
Diante do breve resumo, estimado leitor, há um assunto do livro em específico que quero laçar e trazer à conhecimento de cada um de vós: as janelas da mente.
De acordo com Augusto Cury, a mente humana é formada por várias janelas, por meio das quais reagimos e interpretamos as mais diversas situações. “Quantas vezes tentamos lembrar algo que não nos vem à ideia? Nesse caso, a janela permaneceu fechada ou inacessível.”, afirma Cury em Mulheres Inteligentes, Relações Saudáveis.
Cada janela possui centenas ou milhares de informações depositadas. As chaves de cada uma delas são os sentimentos, as emoções. O estresse, a tensão, o pânico, podem fechá-las. A serenidade, a afetividade, o prazer, podem abri-las. Noutro trecho do livro Mulheres Inteligentes, Relações Saudáveis, Cury indaga sobre “Quantas vezes, depois de passarmos por perdas ou frustrações, achamos que deveríamos ter dito ou feito isto ou aquilo? A abertura das janelas depende muito do estado emocional. O medo, a pressão, as crises, a tensão fecham as janelas. Há pessoas que se engasgam ao falar em público, embora sejam eloquentes. Alguns alunos podem ter um péssimo desempenho nos exames por causa da ansiedade. Alguns intelectuais agem como crianças frágeis quando contrariados.”
Em sua descoberta, o mesmo afirma haver três tipos de janelas: (1) as neutras, que possuem milhares de informações numéricas, dados, endereços, dentre outros; (2) as light, nas quais guardam o prazer, a serenidade, a clareza e lucide, etc.; (3) e as killer, que sustentam a tristeza, a solidão, a depressão, a agressividade, as irracionalidades e fobias. Em relação a essa última, algumas janelas são tão fortes que lhes são dada o nome de killer power. As mesmas acabam com a nossa tranquilidade e serenidade com facilidade.
“O Eu, como líder da sua mente, deveria aprender a romper as fronteiras das janelas killer e a penetrar nas áreas das janelas light. Eis a grande meta da mulher inteligente!”. Em que pese esse trecho do livro supracitado se dirija às mulheres – o foco do livro -, o mesmo se aplica também aos homens, afinal, a forma de funcionamento do nosso cérebro é igual.
Uma pessoa que possui fobia tem, em certas condições de temperatura e pressão, o estopim para a abertura de janelas killer, as quais irão suplantar outras janelas, como as que possuem a serenidade e tranquilidade, light. Portanto, de acordo com Cury, é plenamente possível o tratamento dessas pessoas. Medos também são muito comuns nas janelas killer. Talvez você, caro leitor, tenha medo de falar em público, tenha medo de altura, enfim. Tudo passível de restauração. Entendendo o mecanismo de funcionamento de nossa mente, é possível não deletar as janelas killer, mas reescrevê-las, reeditá-las.
Conforme os ensinamentos de Augusto Cury, a forma mais prática de reeditar as janelas killer é por meio da técnica do DCD (Duvidar, Criticar e Determinar). Devemos todos os dias, caso tenhamos uma janela killer muito traumática, DUVIDAR de seu controle, em nosso silencio mental. Devemos CRITICAR cada ideia perturbadora, cada ansiedade, cada angustia. Devemos DETERMINAR ser gestor da nossa noção, da nossa mente, não sermos escravos de nossas próprias mentes.
Assim, por mais que tenhamos problemas de raízes profundas, podemos reeditar as janelas que comportam esses problemas. Um caso de sucesso é o grande Advogado Criminalista, Ércio Quaresma Firpe, um indivíduo dono de uma oratória irrepreensível, com uma capacidade de argumentação extraordinária – chegando a parecer com Camille. Pessoa pelo qual tenho grande admiração. Tenho-o como exemplo. Quaresma por anos foi viciado em crack, vicio que por todos é julgado como caminho sem volta. Ele voltou. Ele se recuperou e trouxe ao mundo da Advocacia um tremendo orgulho. Não sei se ele usou a técnica DCD, mas fato é que, por mais profundos que sejam os nossos traumas, é possível a reparação, e o Quaresma é exemplo disso.
Entender o funcionamento da nossa mente em meio à tanto caos é sine qua non. Desprendermos de possíveis fobias e medos é importante. Não sou nenhum exemplo de como utilizar a técnica DCD, várias vezes por mim negligenciada. Tampouco como ter uma mente livre de fobias e medos, falível que sou. Entre a plenitude mental e o hospício, estou mais próximo do hospício. Mas, o presente artigo não visa me ter como objeto de especulação, e sim os estudos de Augusto Cury. Caso tenha interesse em se aprofundar mais no assunto, leia o livro Armadilhas da mente e Mulheres Inteligentes, Relações Saudáveis.
Abraços.
Saravá!
Por Leone Oliveira.