O silêncio de Jair Bolsonaro (PL) desde a derrota nas urnas tem surpreendido seu entorno. Segundo informações de aliados passadas à jornalista Andreia Sadi, do g1, apoiadores próximos observam que até mesmo a frequência de mensagens no WhatsApp – o meio favorito de comunicação do presidente – tem diminuído.
Enquanto ao longo dos anos de governo o mandatário fez dos palácios, em especial o da Alvorada, residência oficial, palco para discursos conspiratórios, depois do segundo turno apenas duas declarações curtas foram concedidas: uma para reconhecer a derrota e outra para pedir que manifestantes bolsonaristas desobstruíssem as rodovias. Ele também participou de um encontro com o Supremo Tribunal Federal (STF) antes de voltar ao silêncio.
Ao blog de Sadi, aliados afirmam que além das dores na perna, provocadas supostamente por uma doença chamada erisipela, Bolsonaro está inconformado por não ter sido reeleito e se preocupa com seu futuro na Justiça, já que pela primeira vez em 30 anos não terá foro privilegiado.
Ainda que tenha ouvido do STF que a Corte não tem espírito de retaliação, a coluna da jornalista aponta que o presidente não se convenceu de que não será alvo da Justiça junto com seus aliados, como o ministro da Justiça Anderson Torres, os filhos e os empresários que patrocinaram atos golpistas.
Mesmo mantendo viva a ideia de que foi injustiçado, Bolsonaro não tem força para incrementar o discurso, já que colocaria em xeque as eleições de bolsonaristas, incluindo a de seus filhos.
Na visão de um dos auxiliares mais próximos de Bolsonaro, o mandatário pode escolher viver em um dos dois mundos existentes para ele: o real, em que Lula é recebido na COP27 e cumprimentado pelos presidentes norte-americano e chinês, e o paralelo, que inclui a ala radical bolsonarista que garante que não vai deixar o petista subir a rampa do Planalto, “mas que não leva a lugar algum. Talvez, na verdade, os leve para o banco dos réus”, disse um ministro ao blog de Sadi.
É nesse segundo mundo, que inclui a deputada Carla Zambelli (PL) e o blogueiro foragido Allan dos Santos, que Bolsonaro parece querer viver, de acordo com o auxiliar.